Como é que surgiu a ideia do YMCA?
O YMCA é um movimento global com quase 200 anos de história e presença nos cinco continentes. Em 1874, foi uma das primeiras entidades a organizar campos de férias a nível mundial, tornando-se um verdadeiro precursor deste conceito. O seu impacto e legado continuam a influenciar a forma como os campos de férias são estruturados até hoje.
O que torna o YMCA único e distinto dos outros campos de férias?
O que torna o YMCA único é a sua capacidade de manter viva a essência dos campos de férias ao longo do tempo, sem perder de vista a evolução natural das necessidades atuais. Embora muita coisa tenha mudado desde 1874, continuamos fiéis à nossa missão: proporcionar um forte contacto com a natureza e incentivar a socialização genuína entre os participantes. Além disso, temos um compromisso firme com a sustentabilidade. Sempre que possível, eliminamos elementos que não sejam ambientalmente responsáveis. Neste momento, estamos a substituir as tradicionais tendas de campanha por estruturas de madeira, reforçando ainda mais a nossa identidade ecológica. Esse compromisso com a tradição, inovação e sustentabilidade é o que realmente nos diferencia.
Qual é o maior desafio que os campos de férias desportivos enfrentam atualmente?
Acredito que o maior desafio, na verdade, é um desafio positivo. Após a pandemia, os campos de férias enfrentaram uma grande quebra, e lembro-me de que, naquela altura, apenas nós e mais alguns locais mantivemos a atividade. Hoje, felizmente, a realidade é diferente: há uma oferta cada vez maior, dando às famílias e aos jovens mais opções para escolher o tipo de campo de férias que melhor se adapta às suas preferências. O verdadeiro desafio está exatamente nessa diversidade crescente – destacar-nos num cenário com tantas alternativas. Mas, ao mesmo tempo, isso também é uma oportunidade para continuarmos a evoluir e a reforçar aquilo que nos torna únicos.
Como é que a YMCA adapta os seus programas às necessidades dos jovens de hoje em dia?
No final de cada turno, realizamos um questionário de avaliação que é preenchido pelos jovens e, posteriormente, pelas suas famílias. Além disso, recolhemos feedback ao longo do próprio campo, incluindo o contributo de jovens monitores que vêm de fora. Com base nessas opiniões, ajustamos continuamente a experiência do campo de férias, garantindo que evoluímos sem nunca perder a nossa essência: a ligação com a natureza, o tempo e o espaço para brincar, e a oportunidade de cada criança se conhecer melhor a si mesma.
Como é que é um dia típico de trabalho para si no campo de férias?
É um dia agradavelmente cansativo. Felizmente, a maioria das crianças e jovens demonstra bastante autonomia, o que nos permite não só acompanhá-los, mas também participar em algumas atividades com eles. Além disso, temos a oportunidade de servir de exemplo para os jovens, e essa é, sem dúvida, uma das partes mais gratificantes do campo.
Como descreveria o sucesso do campo de férias até agora?
Estamos num caminho de crescimento e melhoria contínua, aprendendo a cada passo. Atualmente, o nosso campo de férias tem um posicionamento pouco comum, marcado pela visão global da YMCA. Uma das nossas grandes preocupações é acompanhar esta nova realidade de famílias que vêm trabalhar para Portugal e que procuram um espaço onde os seus filhos possam não só divertir-se, mas também ter contacto com a cultura e a língua portuguesa.
Os nossos campos de férias são bilíngues, o que cria uma dinâmica enriquecedora tanto para crianças estrangeiras como para portuguesas. No último campo, 30% dos participantes eram de fora do país, o que proporcionou uma excelente oportunidade para a troca cultural. Os jovens portugueses desenvolvem o inglês, enquanto os participantes internacionais aceleram a aprendizagem do português, comunicando e integrando-se naturalmente. Esta abordagem diferenciadora é, sem dúvida, uma das nossas grandes marcas.
Onde é que vê a YMCA daqui a cinco anos? Há algum projeto em vista que tenham para o futuro?
Daqui a cinco anos, a YMCA pretende tornar o campo de férias na NASA mais acessível a um maior número de pessoas, uma vez que, atualmente, os valores são bastante elevados. O nosso objetivo é reduzir essa barreira para que mais crianças e jovens possam viver essa experiência única.
Além disso, queremos consolidar o nosso campo na Arrábida com um forte compromisso ecológico, eliminando ao máximo o uso de plástico e substituindo-o por materiais sustentáveis, como a madeira.
Também prevemos um crescimento moderado, na ordem dos 10% no número de participantes, sempre com o cuidado de preservar o ambiente familiar que nos caracteriza. Queremos garantir que todas as crianças criam laços, conhecem os monitores e se sentem verdadeiramente parte da comunidade do campo.
O nosso futuro passa, portanto, por dois grandes pilares: tornar os campos de férias mais acessíveis e reforçar o nosso compromisso com a sustentabilidade.
O que difere a parceria com o Juvigo das demais?
Desde o primeiro momento, o Juvigo tem sido um parceiro verdadeiramente valioso. Isto significa que existe um diálogo constante e uma vontade mútua de encontrar entendimentos e soluções.
Tenho notado que o Juvigo tem acompanhado a evolução da Juvigo nesta área e tem sido um parceiro ativo, nomeadamente no desenvolvimento do nosso sistema de recolha de inscrições, no qual também está envolvido. O mais positivo desta colaboração é precisamente essa abordagem construtiva – em vez de se focar em obstáculos, o Juvigo ajuda-nos a encontrar soluções sempre que propomos uma inovação.
Sinto que esta relação funciona de forma recíproca. Quando nos são sugeridas alterações, trabalhamos para responder às vossas necessidades da melhor forma possível. No final, tem sido uma parceria verdadeiramente ‘win-win’, onde ambas as partes crescem juntas.
Algumas palavras finais para os nossos leitores?
Gostava que todos se lembrassem de que os campos de férias não são apenas lugares, são memórias. O verdadeiro impacto está nas experiências vividas e nas ligações criadas. Vemos isso nas crianças que, em apenas uma semana, formam amizades que muitas vezes não acontecem ao longo de um ano escolar – amizades que perduram para a vida.
No fundo, os campos de férias são isso mesmo: um espaço de partilha, descoberta e crescimento, onde as memórias valem muito mais do que o local físico onde acontecem.
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